computer frustration

Se há uma coisa mais frustrante que não ter Wifi em casa é ter Wifi mas não conseguir ter uma boa ligação.

O sinal Wifi é gerado pelos pontos de acesso (AP ou Access Point, em inglês) que já vêm embebidos na maior parte dos routers domésticos e normalmente providenciados pelo operador de telecomunicações (NOS, MEO, Vodafone, etc).

Há dois problemas muito comuns e que afectam as instalações Wifi, e que são o motivo para este artigo:

  1. A velocidade de comunicação com os nossos dispositivos cliente não é a esperada;
  2. não há cobertura em determinadas áreas.

Para o auxiliar nesta tarefa, sugerimos que instale um pequeno utilitário chamado “Wifi Analyzer” (https://play.google.com/store/apps/details?id=com.farproc.wifi.analyzer) no seu dispositivo Android. Esta ferramenta mostra-lhe todas as redes que o telemóvel consegue ver, indicando as frequências em que se encontram e a potência do respetivo sinal.

 

Apresentamos algumas das soluções que podem ser tentadas para solucionar ou minimizar os problemas anteriores.

 

Mudar configurações do AP

O sinal WiFi é um sinal de rádio que usa uma determinada frequência para permitir a comunicação. Na prática, podem ser usadas várias frequências num determinado intervalo. Esse intervalo é um canal, com um frequência inferior e uma frequência superior. Na banda dos 2,4GHz existem até 14 canais com uma largura de 20MHz cada um entre os 2401MHz e os 2484MHz (na Europa só 13 e nos USA 11). Na banda dos 5GHz existem até 24 canais.

Se morar numa casa isolada, pode escolher a banda e canal que quiser, sem medo a interferências externas. Se quiser ter mais que uma rede distinta, só terá que ter o cuidado de escolher canais suficientemente isolados (na banda dos 2,4GHz, escolher os canais 1, 6 ou 11). Na banda dos 5GHz não deverá ter problemas. Também poderá querer aproveitar para aumentar o parâmetro de largura de canal de 20MHz para 40MHz ou até 80MHz, e assim aumentar a velocidade de comunicação.

Se morar num apartamento a escolha complica-se na banda dos 2,4GHz, porque estará muito saturada, com muitos vizinhos e cada um com o seu próprio sinal. Para a sua rede, esses sinais são ruído que prejudica as suas comunicações. Nesse caso, a única opção é escolher um dos canais 1, 6 ou 11 onde existam menos redes e com menor sinal. Se puder, mude para os 5GHz.

Se a configuração do AP o permitir, poderá tentar aumentara potência do sinal.

Verifique que está  a usar os protocolos adequados. Os mais comuns são 802.11g (com velocidades até 54Mbps), 802.11n (até 300Mbps), 802.11ac (até 1700Mbps). Cada protocolo determina uma velocidade máxima de comunicação. Devemos comprovar que o AP não está a ser limitado artificialmente por uma definição inferior às suas capacidades. É claro que se o nosso novo portátil suporta o protocolo 802.11ac mas o router for um velhinho ainda com o 802.11g, vai ser esse 802.11g o único protocolo comum e isso vai limitar muito a velocidade de comunicação.

Se as antenas forem orientáveis, a sua posição ideal é sempre na vertical e perpendiculares ao chão, para maximizar o sinal na horizontal.

Mudar a localização

Pode parecer trivial, mas a estrutura da casa tem um forte peso na distribuição do sinal e, nem sempre, de acordo com aquilo que nos parece mais lógico. Vale a pena experimentar a colocar o AP em diferentes localizações da casa para ver se uma é melhor que outra. A maior parte das plantas distribui as diferentes divisões da casa à volta dum corredor central. Esse seria um dos primeiros lugares a testar.

Também é habitual que, por motivos estéticos ou de “esconder a fiarada”, o AP fica dentro de móveis ou detrás doutros aparelhos. Tudo isto “abafa” o seu sinal. Vale a pena testar o sinal com o AP bem visível, fora de armários .

Mudar antenas

Se o AP o permitir, e as antenas forem substituíveis, podemos tentar arranjar antenas com uma maior sensibilidade que as originais. Passar dumas antenas de 6 dBi para umas de 9 dBi é uma alteração importante: cada +3 dBi que adicionamos, duplicamos a potência do sinal.

Subsitutir o AP

Não todos os APs são bons: alguns podem ser uma má combinação de hardware e software que se traduz num rendimento pobre ou pouco fiável e outros podem ser simplesmente demasiado velhos. Vale a pena procurar novos APs mais atuais, com mais antenas e de maior sensibilidade e que cumpram os protocolos mais modernos. Ninguém pode garantir que um determinado AP será a solução ideal, por isso vale a pena documentar-se primeiro, procurar comentários e comparações na Internet e comprar numa loja que nos facilite a devolução no caso de não acertarmos.

Adicionar outro AP por cabo

A planta da casa pode bloquear o sinal ou a atualização do nosso único AP não ser uma opção. Nesse caso, podemos adicionar um segundo AP e ligá-lo ao nosso router por cabo. Esta é a opção mais segura e com melhor desempenho. Também é a opção que menos utilizadores domésticos implementam, porque passar um cabo numa casa construída pode implicar ter que fazer furos ou querer passar o cabo por tubagens existentes que podem não ter a largura suficiente.

Adicionar outro AP por WDS/Repetidor

Podemos adicionar um segundo AP e ligá-lo ao primeiro num WDS (Wireless Distribution System). Resumidamente, o novo AP recebe o sinal do AP original e distribui-o aos clientes. Temos que o colocar num ponto onde ainda receba um bom sinal do primeiro. A principal dificuldade com o WDS é que requer que os dois pontos de acesso sejam compatíveis e suportar esta funcionalidade. Vale a pena procurar na Net e consultar nos fóruns especializados se um determinado modelo suporta esta função ou não.

O funcionamento mais genérico que é o de Repetidor fará exatamente o mesmo trabalho e não depende de marcas e modelos.

Em ambos os casos, o segundo AP recebe o sinal do primeiro e a seguir retransmite-o.

Esta é a solução ideal para quem não queira mais aparelhos nem fios. O inconveniente é que as velocidades de comunicação podem reduzir significativamente por causa da retransmissão.

Adicionar outro AP por Powerline

Ainda, podemos usar dispositivos Powerline para ligar o AP ao router. Este é o método mais simples para distribuir a rede por toda a casa. Os dispositivos powerline ligam-se às tomadas e usam os cabos da instalação elétrica para transmitir o sinal de rede. Normalmente podemos colocar um dispositivo à beira do router principal ao qual se liga por cabo de rede, e depois colocamos o outro nos pontos onde queremos receber o sinal, ligando-o a outros APs ou diretamente ao dispositivo pretendido (computador, impressora, televisão, etc).

De notar que alguns powerlines incorporam um AP diretamente, reduzindo ainda mais o número de dispositivos individuais necessários para atingir os nossos objetivos.

As velocidades que por vezes indicam não são garantidas. Por exemplo, uns anunciados com velocidades de até 600Mbps, em testes realizados repetidas vezes, a velocidade medida não chega aos 65Mbps. Mesmo assim, valem a pena porque são os menos complicados de configurar e com uma ligação razoavelmente fiável.

 

Conclusão

Se a rede Wifi não chegar a toda a casa, tem opções para tentar configurar o seu atual ponto de acesso. Se estas optimizações forem insuficientes, de certeza que a adição dum segundo ponto de acesso resolverá o problema.